A alimentação e o Prana

O nosso corpo é constituído por ossos, músculos, órgãos, células, moléculas, ADN, mas é também constituído por energia vital, o Prana. Prana é a energia orgânica que compõem as correntes do corpo subtil. O corpo subtil é o corpo não-físico, que inclui a força vital do corpo, o intelecto, a mente e o ego. O Prana é gerado dentro dos Chacras, os 7 centros de energia distribuídos ao longo da coluna vertebral.
O Prana está em toda a natureza, na água, no ar, na terra e no fogo – ele é parte da vida não visível, cuja vibração é puramente divina. Ele entra no nosso organismo por meio dos raios solares, da água, da terra, das rochas e cristais, da respiração, das plantas e da alimentação. Esta energia subtil atua através de um mecanismo cujo ritmo é coincidente com o da respiração pulmonar. Cada vez que inspiramos absorvemos Prana e, a cada expiração distribuímo-lo pelos vários órgãos do corpo subtil.
Os grandes centros de Prana são as glândulas e centros nervosos do corpo físico, bem como os respetivos centros de energia, os Chacras. As linhas de fluxo do Prana no duplo etérico formam um verdadeiro sistema de circulação, e é nele que se baseiam as técnicas do Yoga. Prana é a vida da vida, é a vida do Yoga e do Ayurveda (medicina indiana).
O Prana também é a energia que circula pelo corpo e regula todas as funções corporais, é transformado em várias forças no corpo, e está envolvido em processos que garantem que vamos eliminar as coisas de que não precisamos mais.
Os alimentos e os pensamentos, que são o alimento da mente e das nossas emoções, possuem qualidades que influenciam profundamente a nossa estrutura energética. São o combustível físico e energético da máquina humana. Suprem com nutrientes o corpo físico e com energia vital a estrutura dos corpos energéticos.
A energia vital dos alimentos provém dos elementos presentes na natureza. A medicina chinesa afirma que os alimentos cultivados no solo, ao absorverem, a água, os raios solares, os nutrientes da terra e ao realizarem a troca gasosa com o ar possuem muito mais energia vital que os alimentos produzidos artificialmente.
Atualmente com o crescimento do capitalismo e as facilidades do mundo moderno a alimentação perdeu a sua função nutritiva para dar lugar aos prazeres das sensações, tendo com isso provocado um défice tanto nutritivo quanto energético. No processo de industrialização, as substâncias artificiais são incorporadas, como agrotóxicos, hormonas, corantes e conservantes. Estas substâncias não nutrem o organismo, que se esforça por digerir o alimento industrializado, esgotando assim a sua reserva de energia vital. Muitos dos processos alérgicos representam a defesa do organismo, que não reconhece os alimentos ingeridos, que são incompatíveis com a estrutura natural orgânica e energética. A doença é resultado da intoxicação do corpo físico e energético. O estado preliminar da doença é a apatia, a falta de concentração, o desinteresse pela vida e pelos conhecimentos que promovem a vida.
Segundo a filosofia Indiana, os alimentos são agrupados em quatro tipos, conforme o Prana. O reino vegetal é o mais rico em Prana. O recebimento de um Prana fraco ou alterado promove a modificação da química do organismo e, consequentemente, compromete a saúde. Assim, temos:
a – Alimentos biogénicos: são os mais ricos em prana e os geradores da vida. Possuem alto teor de água e são representados pelos germinados (de soja, de grão-de-bico, de alfafa, de trigo, de girassol, de agrião).
b – Alimentos bioativos: como o próprio nome diz, são os ativadores da vida. São também ricos em água e representados pelos alimentos crus (frutas, legumes, verduras, grãos e sementes) e pelas algas marinhas.
c – Alimentos bioestáticos: são os que mantêm a vida, sendo representados pelos alimentos processados (congelado, refrigerado, armazenado, fervido, cozido), por mel e açúcar mascavado.
d – Alimentos biocídios: são representados por alimentados altamente prejudiciais à vida, como os industrializados e ricos em aditivos químicos (conservantes, estabilizantes, corantes, aromatizantes etc.). São exemplos: sal refinado, açúcar branco, farinha branca, café, bebidas alcoólicas, frituras e demais alimentos industrializados.
Segundo o Yoga, o ser humano é um ser que se manifesta no físico, mental e espiritual. Sendo assim, são necessários cuidados voltados para esses três aspetos de manifestação do ser humano. A alimentação envolve a saúde não só do físico, mas também da mente e do espírito.
Os praticantes de Yoga sabem que para elevar os sentimentos e expressar o amor, felicidade, altruísmo sem bloqueios é necessário evitar certos alimentos. A bioquímica dos alimentos afeta a bioquímica dos nossos corpos, interferindo nos sistemas endócrino, nervoso e o cerebral, responsáveis pelas manifestações físicas, mentais ou instintivas. Instintos descontrolados, mente perturbada. Para mantermos a calma e o equilíbrio mental é necessário ingerir alimentos subtis ou bioativos.
A energia vital vem do sol, segundo a literatura antiga indiana, e é captada por todos os seres vivos. A maior parte dos alimentos dos animais, e também dos seres humanos, vem da terra, vem do chão. São os vegetais. Quanto mais “vivo” for o nosso alimento, quanto mais fresco ele for, mais a energia vital absorvemos.
Mas não estamos aqui a defender a alimentação vegetariana! Devemos ingerir alimentos mais “vivos”, alimentos crus, como vegetais crus, frutas, carnes frescas. As plantas são uma fonte maravilhosa de prana. Quanto mais plantas fizerem parte da sua alimentação, mais prana está a ingerir. É tão simples quanto isso!
Devemo-nos afastar do consumo de animais derivados da pecuária intensiva. Este tipo de sistema é aquele que mais sofrimento causa aos animais, porque são confinados e vivem completamente removidos de qualquer tipo de habitat natural. Em termos prânicos, um animal de pecuária intensiva tem uma energia vital bem diferente de um animal que viveu a sua vida num pasto aberto, por exemplo. O ideal é comer orgânico. Comer orgânico é um verdadeiro ato de ahimsa, de não-violência, de amor por nós próprios e pelo mundo em que vivemos.
Com o Yoga, o corpo torna-se mais sensível e despertamos para os efeitos do que ingerimos. A prática é uma limpeza e, quanto mais livres de toxinas, mais repudiamos certos alimentos. Devem ser evitados os alimentos excessivamente estimulantes que tornam a mente instável, bem como os alimentos demasiadamente pesados que nos levam a um estado de prostração. Quando estivermos a cozinhar, devemos estar presentes no momento e preparar a comida com intenção de amor. Não somos só ‘consumidores’ de Prana, como também somos ‘produtores’ dele. No fim disto tudo, devemos mostrar gratidão. A energia de gratidão é uma forma simples de aumentar o Prana dos alimentos. Além disso, ser-se grato é uma ótima maneira de criar abundância nas nossas vidas!
Com o corpo controlado e em perfeito funcionamento, e a mente livre de distúrbios emocionais, calma e equilibrada em quaisquer situações, estaremos preparados e energizados para realizar, incansavelmente, grandes serviços para o mundo e desempenhar atividades dinâmicas para o bem-estar da humanidade.
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