A QUÍMICA DO NOSSO CORPO, O YOGA E A INFLAMAÇÃO

 

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Num estudo do Journal of Behavioural Medicine indica que o Yoga pode ser útil para diminuir a inflamação. Este estudo foi feito com base na prática de Hatha Yoga.

As inflamações são sinais de alarme para o corpo – acne, alergias, sinusite, artrite e mesmo a gripe comum. Na luta contra as bactérias ou vírus, o corpo produz glóbulos brancos e atua o sistema imunitário.

O Yoga é só alongamentos e flexibilidade, pensam muitos! Mas nenhum medicamento anti-inflamatório desenvolvido até hoje consegue ter um impacto significativo na inflamação sistémica no corpo e no cérebro. [1] O Yoga – juntamente com os primos muito chegados, que são a meditação e o mindfulness – emergiu como uma ferramenta inegavelmente benéfica no combate a doenças crónicas…

O poder anti-inflamatório do Yoga ajuda a explicar porque é que o Yoga tem um efeito positivo em várias doenças, incluindo as que se relacionam com inflamações “invisíveis”. As práticas de posturas de Yoga durante 1h por semana produz, após somente 6 semanas, um aumento de proteínas anti-inflamatórias.[2] O Yoga diminui as citocinas[3] que causam inflamação (pró-inflamatórias) e aumenta as que param a inflamação (anti-inflamatórias).

O Yoga fortalece o sistema imunitário porque diminui a hormona do stress – o cortisol, e aumenta a produção de proteínas de defesa do corpo. Em vários estudos[4] provou-se que o Yoga pode diminuir os efeitos adversos do stress crónico ao nível físico e psicológico. E ainda é mais benéfico porque incorpora não só asanas, mas também exercícios respiratórios e meditação ou relaxamento profundo.

Ao separar a prática de Yoga nos seus diversos componentes, como saber qual é que reduz o stress e as inflamações? Está provado que praticar Yoga é uma maneira simples e agradável de reduzir os riscos de desenvolver obesidade, doenças cardíacas, diabetes e outras doenças associadas à idade. E aqui podemos incluir também, e estamos somente a falar a nível preventivo, o COVID-19, que provoca problemas respiratórios severos. O Yoga, nesta problemática, sendo uma prática ligada à respiração, movimento e postura, em que todos os movimentos estão ligados à respiração, vai ajudar a diminuir a inflamação, vai ajudar na elasticidade dos pulmões e vai ajudar a diminuir o stress e ansiedade. Há estudos que provam que quem possui muita inflamação no corpo antes de apanhar COVID-19, reagirá pior à doença (Ingrid Yang).

Reduzir as inflamações pode, então, fornecer benefícios substanciais para a saúde a curto e a longo prazo. Podemos só referir que a inflamação crónica causa dor, fadiga e múltiplos efeitos adversos para saúde.

Então, como ter um estilo de vida anti-inflamatório?

Está na mudança do nosso relacionamento com o corpo, o que significa sermos muito conscientes do que colocamos dentro dele e da forma como nos exercitamos. Abre espaço para na tua rotina diária para um passeio ou alongamentos suaves. Reorganiza as coisas, na medida do possível, no sentido de dar prioridade ao teu corpo e à tua saúde.  Uma grande mudança do nosso relacionamento com o corpo será rever a questão relativa ao stress.

Quem tem uma vida ativa possui níveis baixos de marcadores inflamatórios do que as pessoas sedentárias. A nível emocional também deve haver um controlo e gestão do stress e das emoções. Aqui o Yoga e a meditação podem ser a resposta. Também melhoram e aumentam a resposta do sistema imunitário.

Muda também a tua dieta, tornando-a mais focada em antioxidantes e polifenóis (alimentos de cor verde, frutas como bagas e citrinos) e gorduras saudáveis como o azeite, salmão e sardinhas, e nozes. Evita os hidratos de carbono, excesso de açúcar e fritos. Podes ingerir suplementos à base de curcuma que também mostram ser um apoio saudável à inflamação, se tomados diariamente.

“O Yoga é uma parte empolgante e bela de uma abordagem geral para reduzir o risco de infeções, mas tu não podes simplesmente fazer exercícios respiratórios ou uma rotina de Yoga e dizer: 'Tudo bem, isso vai evitá-los. Tu ainda tens que te manter saudável, lavar as mãos e - para o COVID-19 – protegeres-te a ti mesmo e aos outros usando uma máscara, mantendo a distância social e colocando-te em quarentena se tiveres sido exposto.” diz o biólogo celular e terapeuta de ioga Sundar Balasubramanian, PhD, professor assistente da Medical University of South Carolina.

 

 



[1] REDIGER, Jeffrey – “Curados” – Nascente, 2021

[2] A apoliproteína A1 é constituinte do “bom colesterol”, uma proteína lipídica de alta densidade que ajuda na eliminação do colesterol e das gorduras das paredes das artérias, protegendo de doenças cardiovasculares, tem funções anti-inflamatórias e aparentemente tem também um efeito benéfico na proteção da doença de alzheimer. A adiponectina é uma hormona proteica anti-inflamatória, cuja concentração em adultos com excesso de peso e em diabéticos é inferior à dos outros indivíduos, e que tem um papel importante no controlo dos níveis de açúcar no sangue.

[3] Há ainda as citocinas que podem enviar sinais que iniciam ou param inflamações.

[4] Estudo publicado na Oxidative Medicine and Cellular Longevity e na Frontiers in Human Neuroscience.

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