Está tudo bem… no seu lugar? Uma reflexão sobre falsa positividade, aceitação e transformação. 🌱

Christah Hansen
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Já ouviste — ou talvez até já disseste — frases como:

“Está tudo bem, é o que tinha que ser.”
“Aceita, porque está tudo no seu lugar.”
“É o que é.”

Aparentemente, parecem frases pacificadoras, que trazem alívio, que nos convidam à aceitação. Mas será que, repetidas vezes, não escondem uma fuga subtil? Uma forma de nos anestesiarmos e desistirmos de olhar para o que dói, para o que precisa ser mudado?

Aceitação vs. resignação

É importante distinguir aceitação de resignação. A aceitação é ativa: reconheço a realidade tal como é, com lucidez e compaixão, e posso, a partir desse lugar, escolher o que vou transformar. Como explica Tara Brach, autora de Radical Acceptance, aceitar não significa dizer “gosto disto”, mas sim “é isto que existe neste momento; a partir daqui, o que quero fazer?”.

Já a resignação, por outro lado, é passiva: diz-me que não vale a pena agir, que é melhor engolir o desconforto, que não posso mudar nada. E muitas vezes é vendida disfarçada de “espiritualidade” ou “positividade”.

A falsa positividade cansa e adoece

A falsa positividade é quando insistimos em ver apenas o lado bom, ignorando emoções desconfortáveis — tristeza, raiva, medo — como se sentir essas emoções fosse sinal de fraqueza ou ingratidão. Kristin Neff, referência em autocompaixão, alerta que negar o sofrimento e vestir sempre a capa do “está tudo bem” nos distancia da realidade, bloqueia a empatia e aumenta a culpa quando inevitavelmente nos sentimos mal.

Afinal, quem nunca pensou: “Se está tudo no seu lugar, então porque me sinto assim?”
E depois vem o autojulgamento: “Devo ser eu que sou fraca. Não devia sentir isto.”
E assim, o ciclo continua.

“Está tudo bem, no seu lugar” — até que ponto?

No meu ponto de vista, quando repetimos “está tudo bem, no seu lugar” sem refletir, corremos o risco de:

🌿 Normalizar relações que nos fazem mal
🌿 Permanecer em rotinas que nos esvaziam
🌿 Aceitar padrões familiares ou culturais que já não servem
🌿 Achar que não somos merecedoras de algo melhor

Se está mesmo tudo bem, será que sentimos paz? Ou apenas um torpor disfarçado de aceitação?

Aceitar não é desistir de mudar

Aceitar é olhar o que existe sem máscaras. É como diz Brené Brown: “A vulnerabilidade é a coragem de se mostrar como se é.” É dizer: “Sim, dói. Sim, estou cansada. E ainda assim, vou olhar para isto com curiosidade, porque mereço mais.”

A mudança nasce desse lugar: do encontro entre lucidez e autocompaixão. Sem agressividade, mas também sem anestesia.

Então, o que fazer?

Sentir o que dói, sem medo — Emoções são sinais, não inimigos.
Perguntar com honestidade: “Está mesmo tudo bem? Ou estou a fugir de ver o que precisa ser transformado?”
Cultivar presença — A meditação, o Yoga, o journaling ajudam a escutar a nossa verdade interior.
Procurar apoio — Terapia, coaching ou práticas integrativas ajudam a desmontar padrões inconscientes.

🌿 “Aceitar o presente não é desistir do futuro.”

A verdadeira aceitação é libertadora porque abre espaço para a ação alinhada, não para a inércia.
Nem sempre está tudo bem. E está tudo bem admitir isso.

✨ É para isso que existe o meu trabalho: ajudar quem quer, apoiar e a encontrar coragem para questionar, mudar e viver com mais autenticidade.

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